sábado, 31 de outubro de 2009

Lesões da Coifa dos rotadores

A coifa dos rotadores é um conjunto de quatro músculos periarticulares que puxam superior e internamente a cabeça do úmero na direcção da cavidade glenoideia. Fazem parte desde grupo de músculos: Supra-espinhoso, Infra-espinhoso, Pequeno redondo e Sub-escapular.


imagem: www.clinicajoelhoombro.pt


A Coifa dos Rotadores funciona como uma convergência de tendões, em redor da cabeça do úmero. Os tendões dos quatro músculos unem-se com a cápsula articular da articulação gleno-umeral. As suas principais funções são:


  • Centralizar e baixar a cabeça umeral;
  • Potencializar as rotações da articulação glenoumeral;
  • Estabilizar a articulação glenoumeral;
  • Proporcionar um compartimento fechado importante para a nutrição articular.

Uma lesão da coifa dos rotadores implica a lesão de um ou mais destes músculos ou dos seus tendões, habitualmente do músculo supra-espinhoso.

Assim, passo a apresentar algumas lesões relacionadas com a coifa dos rotadores:

  • Instabilidade do ombro
  • Síndrome de impacto
  • Síndrome do pinçamento
  • Rotura da coifa (total ou parcial)
  • Bursite Sub-acromial, causadas por: queda, golpe no ombro ou ruptura do supra-espinhal, movimentos repetitivos e inflamação do tendão subjacente
  • Tendinite calcificante
  • Capsulite adesiva

De acordo com a lesão apresentada e com o seu estadio de evolução, poderemos ter diferentes tipo de tratamentos, por exemplo:



Fisioterapia

No caso de tendinites, a fisioterapia associada com terapia anti-inflamatória permite a recuperação de um número elevado de casos.

No caso das roturas, os doentes idosos muitas vezes são exclusivamente tratados através de Fisioterapia, pois neste grupo etário, o objectivo principal a atingir é o controle da dor e a melhor funcionalidade.

Em doentes mais jovens, que habitualmente serão submetidos a cirurgia, a Fisioterapia tem a função pré-operatória de recuperar as amplitudes articulares passivas, do controlo da dor e do quadro inflamatório.



Infiltração

Nas tendinites, a infiltração de corticoesteróide no espaço sub-acromial, tem uma das suas indicações principais. Embora muitas vezes associada pela voz popular com efeitos deletérios, quando correctamente executada no espaço extra-articular, muito diluída com anestésico, e em casos adequadamente seleccionados, pode obter a completa resolução dos sintomas.



Cirurgia

Normalmente só se recorre à cirurgia caso as outras duas não tenham surtido resultados, a não ser que a lesão tenha sido traumática e só a cirurgia seja indicada.
A cirurgia pode ser por atroscopia ou por cirurgia aberta. As vantagens de recorrer à artroscopia são:

  • Preservar a integridade trapézio-deltóideia;
  • Tratar lesões intra-articulares;
  • Reabilitar mais rapidamente.
Recorre-se à cirurgia aberta especialmente em roturas muito extensas e com retracção do tendão.


Bibliografia
Livro: Anatomia e Fisiologia
Livro: Técnicas de reabilitação musculoesquelética
Web: www.vitorcaine.com
Web: www.clinicajoelhoombro.com

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Escolioses


A escoliose é uma deformidade complicada que se caracteriza por uma curvatura lateral e rotação vertebral. Do lado côncavo da curva as costelas aproximam-se, do lado convexo as costelas afastem-se.

Á medida que os corpos vertebrais rodam, os processos espinhosos desviam-se para o lado côncavo e as costelas acompanham a rotação das vértebras. As costelas são empurradas posteriormente pelo lado convexo, causando a “corcunda” costal característica observada na escoliose torácica. Pelo lado côncavo, as costelas são empurradas anteriormente.


As escolioses podem ser classificadas da seguinte forma:

1. Escoliose não-estrutural:

  • Escoliose postural: frequente em adolescentes, as curvas são leves e desaparecem por completo com a flexão da coluna vertebral ou bem com o decúbito.
  • Escoliose compensatória: o diferente comprimento dos membros inferiores levam a uma obliquidade pélvica e secundariamente a uma curva vertebral.

2. Escoliose estruturada transitória:

  • Escoliose ciática: secundária a uma hérnia discal, pela irritação das raízes nervosas. Com a cura da lesão desaparece a curva
  • Escoliose histérica: requer tratamento psiquiátrico
  • Escoliose inflamatória: em casos de apendicite ou bem abscessos perinefrítico

3. Escoliose estrutural (70 a 80% dos casos)

  • Idiopática
  • Congénita
  • Neuromuscular (Ex. poliomielite, paralisia cerebral, seringomielia, amiotonia congénita, ataxia de Friedreich)
  • Neurofibromatose
  • Distúrbios mesenquimiais (Ex: Sindrome de Marfan, Sindrome de Morquio, Artrite reumatóide, osteogénese imperfeita)
  • Traumatismo (Fracturas, Irradiação, Cirurgia)Escoliose não-estrutural:

Existem diferentes tipos de curvas e é esta diferença que determina o tipo de tratamento mais apropriado. A direcção da curva é designada em conformidade com a sua convexidade e cada curva única (C) ou dupla (S) deve receber uma designação.




Avaliação

Uma as provas usadas tradicionalmente para a verificação da existência ou não de escolioses é a prova de flexão de Adams.
A avaliação radiográfica mais usada para a magnitude das curvas é o método de Cobb. A primeira etapa consiste me decidir que vértebras são as vértebras terminais da curva. Essas vértebras serão os limites inferior e superior da curva que se inclina mais acentuadamente para a concavidade da curva. Depois é traçada uma linha ao longo da placa terminal inferior e outra ao longo da placa terminal superior. O ângulo mais importante é aquele entre essas duas linhas.


Tratamento

O desequilíbrio muscular que existe como resultado de uma escoliose não idiopática pode ser tratado com o uso de exercício para prevenir qualquer agravamento adicional da escoliose além daquela doença que já a causou.
No entanto é importante que este desequilíbrio seja tratado por que sabe, pois um mau trabalho muscular ainda pode agravar mais o quadro e as queixas existentes.


Importante:

  • Os exercícios simétricos não devem ser tentados.

  • Deve-se alongar os músculos ou grupos musculares mais fortes e fortalecer os antagonistas/sinergistas.

  • Os indivíduos que estão a desenvolver cifoescoliose devem evitar os exercícios que promovam a extensão das costas realizados em decúbito ventral, pois estes fortalecem ainda mais a musculatura extensora lombar.

  • Evitar posicionamentos incorrectos, pois estes podem levar ao desenvolvimento/ agravamento da escoliose.



Fonte: Brody, H.T.; Exercicio Terapeutico: Na Busca de Função; 2001

Imagens: http://www.cto-am.com/