sábado, 30 de junho de 2012

Espondilite Anquilosante


Figura 1 - Imagens comparativas da evolução da doença


A Espondilite Anquilosante (E.A.) é uma doença reumática crónica, de natureza inflamatória dolorosa e progressiva, que afecta predominantemente o esqueleto axial (as articulações entre as vértebras) e as sacro-ilíacas (articulações entre o sacro e os ossos ilíacos – “da bacia”). Manifesta-se essencialmente por dores nas costas e rigidez da coluna. Pode afectar também articulações periféricas (dos membros) e ter envolvimento sistémico extra-articular (órgãos internos).
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Esta doença inclui-se num grupo de doenças designadas por Espondilartropatias. Espondilite significa inflamação das articulações da coluna. Este nome deriva do grego: spondylos que significa vértebra; arton, articulação; e agkúlosis, ausência de movimento.
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Nas Espondilartropatias há inflamação nas entesis (local da inserção dos ligamentos e tendões nos ossos). A persistência da entesopatia (inflamação nas áreas de contacto dos ligamentos com as vértebras), origina lesões que podem evoluir para calcificação dos ligamentos entre cada duas vértebras, levando à sua fixação. A fusão das articulações da coluna vertebral e das articulações sacro-ilíacas leva à anquilose da coluna, que se torna rígida e deformada, impedindo a mobilização normal. Felizmente, a maioria dos casos não evolui para anquilose.
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O sexo masculino é o mais afectado, numa relação de três homens para uma mulher. As manifestações da doença podem iniciar-se logo na infância, na puberdade, ou começar mais tardiamente, nos adultos jovens.
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A doença atinge mais frequentemente jovens com idade compreendida entre 15 e 30 anos. O início em idade superior a 40 anos é raro. A Espondilite Anquilosante é uma doença que existe em todo o mundo, atingindo todas as etnias. A sua prevalência na população branca varia entre 0,05 e 1 %, no entanto, em alguns grupos étnicos, a doença pode atingir 4 % da população. Estima-se que, em Portugal, existam entre 30.000 a 50.000 doentes com Espondilite Anquilosante.
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A causa é ainda desconhecida. Sabe-se que não é uma doença infecciosa, portanto não é contagiosa. A actividade física exagerada, traumatismos pré-existentes ou o tipo de dieta, também não têm qualquer influência no desenvolvimento desta doença.

Não é uma doença hereditária, mas parece haver uma tendência familiar (cerca de 5 a 16 vezes superior nos familiares de 1.º grau), havendo no entanto outras causas que contribuem para o aparecimento da doença. As pessoas com o antigénio HLA-B27 (marcador genético) têm uma predisposição maior para a doença. Contudo, o antigénio pode também estar presente em pessoas saudáveis ou que sofrem de outras doenças.


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Sinais e Sintomas:
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Os principais sintomas da E.A. são as dores nas costas e a dificuldade na mobilização:

  • Lombalgias – dores ao nível da coluna lombar, mais intensas durante a noite, na cama, acordando o doente frequentemente durante a madrugada, sendo difícil encontrar posição de alívio. Melhoram com o movimento e com o exercício físico.
  • Dorsalgias – dores ao nível da coluna dorsal, mais intensas durante a noite, com irradiação para a face anterior do tórax, através dos espaços intercostais (espaço existente entre cada duas costelas).
  • Ciatalgias – dores ao nível das nádegas e coxas correspondendo ao trajecto do nervo ciático, ora no membro inferior esquerdo, ora no membro inferior direito (dores basculantes). Caracteristicamente não ultrapassam os joelhos.
  • Rigidez – dificuldade na mobilização da coluna vertebral, mais intensa de manhã ao acordar, com duração superior a 30 minutos, podendo nalguns casos atingir horas.
  • Talalgias – dores ao nível da região do calcanhar.
  • Tendinites – inflamação dos tendões, que origina tumefação (inchaço) e dor, particularmente do tendão de Aquiles (por cima do calcanhar) e tendão rotuliano (à frente do joelho).
  • Artrites periféricas – inflamação das articulações, em particular dos membros inferiores (anca, joelho e tornozelo).
  • Olho vermelho doloroso – inflamação do olho a diversos níveis.
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Habitualmente, o início é insidioso e gradual. Caracteriza-se por dor importante mas difícil de definir, sentida mais frequentemente na região lombar ou nas nádegas, podendo irradiar pela face posterior das coxas.

A espondilite anquilosante evolui ao longo do tempo, com dor e rigidez na parte inferior do tronco. Estes sintomas tendem a ser mais intensos de manhã ou a seguir a um período de repouso e a aliviar com o movimento.

A doença pode atingir a parte inferior ou superior do tronco; até pode causar rigidez e imobilização permanente de toda a coluna (anquiliose), curvatura (cifose) e enfraquecimento dos músculos das regiões dorsal e lombar
A sensação de falta de forças e o cansaço fácil são queixas frequentes, sendo por vezes mais incapacitantes do que as dores. Sintomas relacionados com lesões de órgãos internos, como o coração e pulmões, podem surgir, mas são raros no início da doença e geralmente não são graves. Os olhos são frequentemente atingidos por processos inflamatórios, que originam dor e congestão (vermelhidão), sendo por vezes a primeira manifestação da doença.

Apesar de todas estas manifestações, muitas vezes o diagnóstico só é feito dois a três anos após o aparecimento de lombalgia inflamatória. Sendo variável a sensibilidade à dor, é também muito diferente de doente para doente a sua gravidade, sendo aconselhável um exame médico cuidadoso quando surgem e persistem dores na coluna com características inflamatórias, para permitir um diagnóstico precoce. O diagnóstico faz-se pela combinação de critérios clínicos com a evidência radiológica de sacroilíite..


Figura 2- Imagem radiológica da espondilite anquilosante (plano frontal e sagital).
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Tratamento:
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Os objectivos do tratamento são:
  • Diminuir a dor
  • Preservar uma boa função articular
  • Evitar deformações
Como tratamento pretende-se, a médio e a longo prazo, atrasar o dano estrutural (lesão irreversível) que a doença pode originar.
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Cuidados a ter:
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- Dieta equilibrada e variada, rica em proteínas, vegetais e fruta. É importante uma dieta rica em cálcio.
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- Controlar o peso e evitar o excessode peso, que leva à sobrecarga da coluna vertebral.
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- Abstinência tabágica, dado que otabaco, por si só, afecta o prognóstico a longo prazo.
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- Postura:

  • Evitar a imobilização prolongada.
  • Durante o dia, deverá vigiar rigorosamente a sua postura, de pé ou sentado, para que a coluna esteja o mais direita possível.
  • É aconselhável realizar alguns períodos de repouso ao longo do dia de 10 a 15 minutos, em decúbito ventral (de barriga para baixo).
  • O repouso nocturno deve ser feito em cama dura, sem almofada e, se possível, em decúbito ventral. Se não tolerar poderá fazê-lo em decúbito dorsal (de costas), também sem almofada, ou com uma almofada pequena, só para apoio do pescoço. Deverá mesmo assim, se conseguir, tentar estar os primeiros 30 minutos em decúbito ventral. Evitar o decúbito lateral (deitado de lado).
  • Ao acordar deverá tomar um duche quente prolongado para aliviar a rigidez matinal.
  • Executar diariamente alguns exercícios físicos para mobilização da coluna e treino respiratório, de preferência após o banho.
  • A casa poderá ter que ser adaptada às necessiades do doente, de modo a que este continue a ser o mais autonomo e activo possivel.



Alguns exercícios que podem ajudar:

 IMPORTANTE:
Ao realizar os exercícios deverá sempre respeitar o limiar da dor que estes lhe possam causar.

Figura 3 - Alguns exemplos de exercícios que ajudam a manter a mobilidade e a previnir deformidades.



Bibliografia
Sociedade Portuguesa de Medicina Interna
Imagens de:

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Funções da Mão

A mão é a nossa melhor e insubstituível ferramenta de preensão. Com a sua ajuda, podemos intervir no meio ambiente de acordo com os nossos desejos. Seja para trabalhar com barro, amassar, modelar, esculpir algo ou simplesmente cortar legumes – para tudo isso é necessário recorrer ao uso das nossas mãos. Só reconhecemos o seu valor quando, devido a uma lesão (por menor que seja), a nossa liberdade de movimentos fica limitada

As funções motoras e sensíveis da mão são totalmente voltadas para a preensão, em que há uma grande variedade de possibilidades. Conforme Kapanji (1992), distinguimos os três seguintes grupos:
  • Preensões estáticas
  • Preensões sob a influencia predominante da gravidade
  • Preensões dinâmicas


PREENSÕES ESTÁTICAS

As preensões estáticas, por sua vez, são divididas nos seguintes grupos:


  • Preensões de dedos
    - Preensões bidigitais
    - Preensões pluridigitais
  • Preensões da palma da mão
  • Preensões simétricas

Preensões Bidigitais
São preensões de precisão executadas por dois dedos. Elas possibilitam pegar e segurar os objectos mais pequenos. Distinguem-se os quatro seguintes tipos

  1. Preensão com a ponta dos dedos: duas pontas dos dedos seguram um objecto.

  2. Preensão com a polpa dos dedos: preensão com a polpa dos dedos é semelhante à preensão com a ponta dos dedos, porém abrange uma área maior, pois é realizda com a polpa inteira dos dedos; por exemplo, quando se pega numa folha de papel.
  3. Preensão lateral dos dedos/polpa dos dedos: essa função de preensão é chamada de preensão de chave ou preensão lateral, e executada principalmente pelo polegar e dedo indicador.

  4. Preensão interdigital: o objecto é segurado apenas pelos dedos, o polegar não participa da preensão; por exemplo: pegar num cigarro.



Preensões Pluridigitais

As preensões pluridigitais capacitam realizar uma preensão firme, uma vez que ao lado do polegar são utilizados adicionalmente dois, três ou quatro dedos. Distinguem-se:
  1. Preensão tridigital: o polegar, o segundo e o terceiro dedos formam essa preensão. É necessária, por exemplo, para escrever ou abrir fechos.
  2. Preensão tetradigital: Objectos maiores são segurados com segurança – por exemplo, quando se abre um pote de compota.
  3. Preensão pentadigital: Todos os dedos são utilizados. O polegar ocupa diversas posições de oponência – por exemplo, quando se agarra um bola ou um pires.

Preensões da palma da mão

Ao contrario das preensões com os dedos, neste tipo de preensão o objecto é agarrado também com a palma da mão, e com isso aumentam a estabilidade e a área da preensão. Preensões com a palma da mão podem ser realizadas de dois modos diferentes:


  • Somente os dedos longos são utilizados – por exemplo no acto de remar.

  • Polegar mais dedos longos são utilizados – por exemplo para segurar uma ferramenta.

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PREENSÕES SOB A INFLUENCIA PREDOMINANTEMENTE DA GRAVIDADE

O que caracteriza estas preensões é que não podem ser realizadas em estado de falta de gravidade (em condições experimentais), por exemplo, agarrar numa bandeja, num balde de água, etc. Outros exemplos são: formar uma concha com as mãos e captar ou remover algo.






PREENSÕES DINÂMICAS

As preensões dinâmicas destacam-se pelo facto de que durante a sua realização estamos a agir simultaneamente, por exemplo ao escrever, cortar, comer com pauzinhos, ou tocar um instrumento.
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Livro: Terapia para as Mãos (2007).

domingo, 6 de dezembro de 2009

Doença de Charcot-Marie-Tooth

A doença de Charcot-Marie-Tooth (CMT) é um distúrbio que envolve danos nos nervos (neuropatia). Todos os nervos são afectados, mas de modo desigual. Os nervos das pernas são os primeiros e mais gravemente afectados. A doença causa a destruição do revestimento da bainha de mielina das células nervosas em certas pessoas; em outras, ocorre a degeneração da porção central (axónio) das células nervosas. A causa exacta da doença é desconhecida.

A doença de CMT é uma doença hereditária e degenerativa do sistema nervoso central e periférico que causa atrofia muscular e perda da propriocepção. A herança é transmitida, principalmente, pela forma autossómica dominante, porém pode estar ligada ao sexo ou ser autossómica recessiva. A atrofia muscular instala-se lenta e progressiavamente na forma autossómica dominante, enquanto na forma recessiva a manifestação é mais agressiva e os primeiros sintomas aparecem por volta da primeira e segunda décadas de vida.

Na prática clínica observam-se deformidades dos pés, onde é frequente haver uma acentuação da arcada plantar (elevação do arco plantar), que pode provocar dor nas cabeças dos metatarsos, dedos em garra, fadiga e dificuldade em calçar os sapatos, devido à elevação acentuada do dorso do pé. Entretanto, o aumento da arcada plantar dos pés não é o achado mais comum e, geralmente, esta deformidade é mais um dos componentes de pés equinovaro-cavo-adutos. A génese desta complexa deformidade situa-se na persistência da força do músculo tibial posterior (inversor) e na progressiva fraqueza dos músculos tricipete sural (flexor plantar), tibial anterior (flexor dorsal) e longo e curto peroneal (eversores). Secundariamente, com o tempo, os ossos do retropé e do antepé sofrerão alterações estruturais acomodativas, tornando a deformidade irredutível e onde é observada severa alteração do apoio dos pés, sintomatologia dolorosa e maior desorganização da marcha.

Nos membros superiores o défice funcional demora a surgir, apesar da flagrante hipotrofia muscular. Por esta razão verifica-se nos pacientes uma aprendizagem natural que permite, em muitos casos, manter uma razoável função bianual, por muitos anos. Entretanto, a posição em garra fixa dos quarto e quinto dedos, quando instalada, impossibilita a preensão palmar adequada e deve ser tratada por métodos cirúrgicos, que incluem alongamentos tendinosos e até artrodeses articulares segmentares, em posição de função. Aqui a utilização de ortóteses preventivas não é bem aceite pelos pacientes, por serem de difícil manutenção, além de constituírem obstáculo à plena realização das várias actividades da vida diária. Desta forma, a cirurgia correctiva passa a ser a melhor opção.



Tratamento:

O programa de tratamento é determinado pela idade do paciente e severidade da deformidade. O tratamento conservador do pé equinocavovaro é paliativo e de resultados insatisfatórios, sendo preferível o tratamento cirúrgico, que pode ser resumido em três etapas básicas:

  1. Libertação das partes moles, como as fasciotomias plantares, alongamentos e tenotomias;
  2. Osteotomias társicas e metatársicas e do calcaneo e;
  3. Artrodeses intratársicas

O tratamento concentra-se em proporcionar o máximo de independência ao paciente. Além do tratamento ortopédico, recomenda-se para algumas pessoas aconselhamento vocacional, terapia ocupacional ou fisioterapia a fim de ajudá-las a manter a resistência muscular e optimizar o desempenho ocupacional autónomo.


Como pode ajudar a Terapia Ocupacional?
  • Escolha e implementação de Ajudas Técnicas, que previnam o aparecimento de novas deformidades e que evitem o agravamento das existentes.
  • Ensino de estratégias que permitam executar as tarefas do dia-a-dia, sem utilizar posturas incorrectas – Técnicas de Protecção Articular e Conservação de Energia.
  • Alterações adequadas para proporcionar a continuação do desenvolvimento da sua actividade profissional.
  • Fazer um plano de exercícios de modo a manter a força/resistência muscular apresentada pelo paciente.

Proporcionar o máximo de independência possível.

Livro: Reabilitação de Doenças Neurológicas (2004)

sábado, 31 de outubro de 2009

Lesões da Coifa dos rotadores

A coifa dos rotadores é um conjunto de quatro músculos periarticulares que puxam superior e internamente a cabeça do úmero na direcção da cavidade glenoideia. Fazem parte desde grupo de músculos: Supra-espinhoso, Infra-espinhoso, Pequeno redondo e Sub-escapular.


imagem: www.clinicajoelhoombro.pt


A Coifa dos Rotadores funciona como uma convergência de tendões, em redor da cabeça do úmero. Os tendões dos quatro músculos unem-se com a cápsula articular da articulação gleno-umeral. As suas principais funções são:


  • Centralizar e baixar a cabeça umeral;
  • Potencializar as rotações da articulação glenoumeral;
  • Estabilizar a articulação glenoumeral;
  • Proporcionar um compartimento fechado importante para a nutrição articular.

Uma lesão da coifa dos rotadores implica a lesão de um ou mais destes músculos ou dos seus tendões, habitualmente do músculo supra-espinhoso.

Assim, passo a apresentar algumas lesões relacionadas com a coifa dos rotadores:

  • Instabilidade do ombro
  • Síndrome de impacto
  • Síndrome do pinçamento
  • Rotura da coifa (total ou parcial)
  • Bursite Sub-acromial, causadas por: queda, golpe no ombro ou ruptura do supra-espinhal, movimentos repetitivos e inflamação do tendão subjacente
  • Tendinite calcificante
  • Capsulite adesiva

De acordo com a lesão apresentada e com o seu estadio de evolução, poderemos ter diferentes tipo de tratamentos, por exemplo:



Fisioterapia

No caso de tendinites, a fisioterapia associada com terapia anti-inflamatória permite a recuperação de um número elevado de casos.

No caso das roturas, os doentes idosos muitas vezes são exclusivamente tratados através de Fisioterapia, pois neste grupo etário, o objectivo principal a atingir é o controle da dor e a melhor funcionalidade.

Em doentes mais jovens, que habitualmente serão submetidos a cirurgia, a Fisioterapia tem a função pré-operatória de recuperar as amplitudes articulares passivas, do controlo da dor e do quadro inflamatório.



Infiltração

Nas tendinites, a infiltração de corticoesteróide no espaço sub-acromial, tem uma das suas indicações principais. Embora muitas vezes associada pela voz popular com efeitos deletérios, quando correctamente executada no espaço extra-articular, muito diluída com anestésico, e em casos adequadamente seleccionados, pode obter a completa resolução dos sintomas.



Cirurgia

Normalmente só se recorre à cirurgia caso as outras duas não tenham surtido resultados, a não ser que a lesão tenha sido traumática e só a cirurgia seja indicada.
A cirurgia pode ser por atroscopia ou por cirurgia aberta. As vantagens de recorrer à artroscopia são:

  • Preservar a integridade trapézio-deltóideia;
  • Tratar lesões intra-articulares;
  • Reabilitar mais rapidamente.
Recorre-se à cirurgia aberta especialmente em roturas muito extensas e com retracção do tendão.


Bibliografia
Livro: Anatomia e Fisiologia
Livro: Técnicas de reabilitação musculoesquelética
Web: www.vitorcaine.com
Web: www.clinicajoelhoombro.com

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Escolioses


A escoliose é uma deformidade complicada que se caracteriza por uma curvatura lateral e rotação vertebral. Do lado côncavo da curva as costelas aproximam-se, do lado convexo as costelas afastem-se.

Á medida que os corpos vertebrais rodam, os processos espinhosos desviam-se para o lado côncavo e as costelas acompanham a rotação das vértebras. As costelas são empurradas posteriormente pelo lado convexo, causando a “corcunda” costal característica observada na escoliose torácica. Pelo lado côncavo, as costelas são empurradas anteriormente.


As escolioses podem ser classificadas da seguinte forma:

1. Escoliose não-estrutural:

  • Escoliose postural: frequente em adolescentes, as curvas são leves e desaparecem por completo com a flexão da coluna vertebral ou bem com o decúbito.
  • Escoliose compensatória: o diferente comprimento dos membros inferiores levam a uma obliquidade pélvica e secundariamente a uma curva vertebral.

2. Escoliose estruturada transitória:

  • Escoliose ciática: secundária a uma hérnia discal, pela irritação das raízes nervosas. Com a cura da lesão desaparece a curva
  • Escoliose histérica: requer tratamento psiquiátrico
  • Escoliose inflamatória: em casos de apendicite ou bem abscessos perinefrítico

3. Escoliose estrutural (70 a 80% dos casos)

  • Idiopática
  • Congénita
  • Neuromuscular (Ex. poliomielite, paralisia cerebral, seringomielia, amiotonia congénita, ataxia de Friedreich)
  • Neurofibromatose
  • Distúrbios mesenquimiais (Ex: Sindrome de Marfan, Sindrome de Morquio, Artrite reumatóide, osteogénese imperfeita)
  • Traumatismo (Fracturas, Irradiação, Cirurgia)Escoliose não-estrutural:

Existem diferentes tipos de curvas e é esta diferença que determina o tipo de tratamento mais apropriado. A direcção da curva é designada em conformidade com a sua convexidade e cada curva única (C) ou dupla (S) deve receber uma designação.




Avaliação

Uma as provas usadas tradicionalmente para a verificação da existência ou não de escolioses é a prova de flexão de Adams.
A avaliação radiográfica mais usada para a magnitude das curvas é o método de Cobb. A primeira etapa consiste me decidir que vértebras são as vértebras terminais da curva. Essas vértebras serão os limites inferior e superior da curva que se inclina mais acentuadamente para a concavidade da curva. Depois é traçada uma linha ao longo da placa terminal inferior e outra ao longo da placa terminal superior. O ângulo mais importante é aquele entre essas duas linhas.


Tratamento

O desequilíbrio muscular que existe como resultado de uma escoliose não idiopática pode ser tratado com o uso de exercício para prevenir qualquer agravamento adicional da escoliose além daquela doença que já a causou.
No entanto é importante que este desequilíbrio seja tratado por que sabe, pois um mau trabalho muscular ainda pode agravar mais o quadro e as queixas existentes.


Importante:

  • Os exercícios simétricos não devem ser tentados.

  • Deve-se alongar os músculos ou grupos musculares mais fortes e fortalecer os antagonistas/sinergistas.

  • Os indivíduos que estão a desenvolver cifoescoliose devem evitar os exercícios que promovam a extensão das costas realizados em decúbito ventral, pois estes fortalecem ainda mais a musculatura extensora lombar.

  • Evitar posicionamentos incorrectos, pois estes podem levar ao desenvolvimento/ agravamento da escoliose.



Fonte: Brody, H.T.; Exercicio Terapeutico: Na Busca de Função; 2001

Imagens: http://www.cto-am.com/




domingo, 6 de setembro de 2009

Como abordar pessoas com deficiência física?

É certo que quase todos nós já nos deparamos com uma pessoa com deficiência que necessitasse de ajuda. No entanto, nem sempre sabemos como devemos agir.

O mais importante é não nos esquecermos que as pessoas com deficiência física são pessoas normais, mas que tiveram a infelicidade de perder alguma capacidade, como por exemplo: locomoção, visão, audição, …

No entanto o que difere entre as pessoas com deficiência física e as pessoas sem ela é o modo como desempenham as suas actividades diárias, quer em casa, quer no trabalho, ou mesmo durante o seu tempo de lazer.

São várias as causas para muitas vezes não se saber como se deve agir. O desconhecimento é uma delas, mas também o preconceito e/ou a discriminação que ainda existem e estão bastante presentes na nossa sociedade – infelizmente!

Assim, aqui ficam algumas dicas de como abordar e agir com pessoas com deficiência física:



Pessoas que se locomovam em cadeiras de rodas

  • Converse com naturalidade, fale a respeito de todos os assuntos, mesmo aqueles em que o deficiente não pode actuar fisicamente, como algumas modalidades desportivas, danças, etc...
  • É importante saber que para uma pessoa sentada é incomodo ficar a olhar para cima por muito tempo. Assim, quando estiver a falar com uma pessoa em cadeira de rodas, se possível fiquem com os olhos ao mesmo nível.
  • Não tente ajudar o deficiente sem que ele peça ajuda – isso pode significar pena ou super protecção.
  • Nunca empurre a cadeira de rodas, sem que ele peça.
  • Nunca movimente a cadeira de rodas sem permissão da pessoa, a não ser que você tenha uma grande proximidade pessoal ou uma relação estreita.
  • Caso tenha curiosidade sobre o defeito físico, pergunte com naturalidade, sem se lamentar sobre o que gerou o defeito físico ou o que isso traz de dificuldades no dia a dia, porque, só assim, a sociedade ficará esclarecida e informada sobre o assunto, diminuindo o preconceito, a discriminação e quebrando tabus e inverdades.
  • Caso queira convidar o deficiente para visitar algum lugar, eventos sociais, restaurantes, cinemas, viagens, etc, nunca diga que o lugar é impossível para ele ir. Se conhecer o local, o acesso, explique quais são as dificuldades, facilidades e dê a sugestão de pesquisar sobre os assuntos, para que ele analise os prós e contras e decida o que fazer, sem lhe causar transtornos e às pessoas que o rodeiam.

Como agir com pessoas cegas ou com deficiência visual

  • Nem sempre as pessoas cegas ou com deficiência visual precisam de ajuda, mas se encontrar alguma que pareça estar em dificuldades, identifique-se e ofereça auxílio. Nunca ajude sem antes perguntar como faze-lo.
  • Caso a sua ajuda como guia seja aceite, coloque a mão da pessoa no seu cotovelo dobrado.
    É importante avisar, antecipadamente, a existência de degraus, pisos escorregadios, buracos, e outros obstáculos durante o trajecto.
  • Para ajudar a pessoa cega a sentar-se, deve guiá-la até à cadeira e colocar a mão dela sobre o encosto da cadeira, informando se esta tem braço ou não. Deixe que a pessoa se sente sozinha.
  • Na presença de uma pessoa cega fale em tom normal, a menos que a pessoa tenha deficiência auditiva, não faz sentido gritar.
  • Por mais tentador que seja acariciar um cão-guia, lembre-se de que estes cães têm a responsabilidade de guiar um dono. Desta forma o cão nunca deve ser distraído do seu dever de guia.
  • Em convívio social ou profissional, não exclua as pessoas com deficiência visual das actividades a desenvolver. Deixe que elas decidam como podem ou querem participar.
  • Quando se ausentar, não esqueça de avisar ou despedir-se do deficiente visual.

Como agir com pessoas surdas ou com deficiência auditiva

  • Quando quiser falar com uma pessoa surda, se ela não prestar atenção, acene ou toque-lhe no braço.
  • Fale de maneira clara, pronunciando bem as palavras. Use um tom de voz normal, a não ser que lhe peçam para falar mais alto. Gritar nunca!
  • Fale de frente com a pessoa, não de lado ou atrás.
    Faça com que a sua boca seja bem visível. Gesticular ou segurar algo em frente à boca torna impossível a leitura labial.
  • Quando falar com uma pessoa surda, tente ficar num lugar iluminado, evite ficar contra a luz.
  • Se souber alguma linguagem de sinais tente usá-la, se a pessoa tiver dificuldade em entender avisará.
  • Enquanto estiver a conversar, mantenha sempre contacto visual, se desviar o olhar a pessoa pensará que a conversa terminou.
  • Se for necessário, comunique-se através de bilhetes. O importante é comunicar.
  • Quando a pessoa surda estiver acompanhada de um intérprete, dirija-se à pessoa surda, não ao intérprete.




sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Escaras de Decúbito

As escaras de decúbito, também conhecidas por úlceras de pressão, consistem em úlceras que se desenvolvem na pele de doentes que estão acamados, inconscientes ou imobilizados por períodos prolongados de tempo. São frequentes em doentes com acidentes vasculares cerebrais ou lesões vertebro-medulares que podem levar à perda de sensibilidade. A humidade constante da pele em doentes com incontinência urinária (uso de fralda) é também um factor de risco.

Estas lesões são causadas por pressão não aliviada que resulta em danos nos tecidos subjacentes (tecido subcutâneo, músculo, articulações, ossos).
As úlceras de pressão geralmente ocorrem nas regiões de proeminências ósseas e são graduadas em diferentes estágios de evolução de acordo com os danos observados nos tecidos.
Quando os doentes passam demasiado tempo na mesma posição exerce pressão contínua sobre pontos específicos denominados como pontos de pressão. Estes pontos estão identificados e são mais sensíveis ao aparecimento de escaras, pelo que devem ser periodicamente inspeccionados. Na figura abaixo podemos observá-los:


Fonte: Guia para prevenção de Úlcera de Pressão ou Escara. Orientação para pacientes adultos e famílias



Como prevenir ou seu aparecimento e/ou evolução?

  1. A pele deverá ser limpa no momento que se sujar ou em intervalos de rotina.
  2. Diminuir os factores ambientais que são propícios a pele seca como: humidade baixa (menos que quarenta por cento) e exposição ao frio.
  3. Evite massagens nas proeminências ósseas. As evidências actuais sugerem que massagem pode causar mais danos.
  4. Minimizar a exposição da pele à humidade devido à incontinência urinária, perspiração ou drenagem de feridas.
  5. As lesões da pele devido a fricção e força de cisalhamento devem ser minimizadas através de um posicionamento adequado e uso de técnicas correctas para transferência e mudança de decúbito. Recomenda-se também que os pacientes não sejam "arrastados" durante a movimentação mas que sejam "erguidos" utilizando-se o lençol móvel.
  6. Se existe um potencial para melhorar a mobilidade do indivíduo deve ser instituído um programa de reabilitação física.
Posicione correctamente o doente. Observe as imagens/indicações que se seguem:


Como deitar um doente de costas (ex: hemiplegia direita)



Como deitar um doente de lado

Indicações:

  1. Altere a posição do doente pelo menos a cada duas horas se não houver contra-indicações relacionadas com as condições gerais do mesmo.
  2. Recorra ao uso de almofadas para manter as proeminências ósseas (calcanhares, joelhos) longe de contacto directo um com o outro ou com a superfície da cama.
  3. Quando a posição lateral é usada no leito, evite posicionar diretamente sobre o grande trocânter do fêmur mas sim em uma posição lateralmente inclinada de 30º.
  4. Limite a quantidade de tempo que a cabeceira da cama fica mais elevada (elevação máxima de 30º), tendo em conta a situação clínica do doente.
  5. Para doentes que podem auxiliar na movimentação use equipamentos auxiliares como o trapézio.
  6. Qualquer pessoa em risco para desenvolver úlcera de pressão, deve evitar ficar sentada ininterruptamente em qualquer cadeira ou cadeira de rodas. Os indivíduos que são capazes, devem ser ensinados a levantar o seu peso a cada quinze minutos para fazer a descompressão na região isquiática.


A que tipo de Ajudas Técnicas pode recorrer:



Colchões anti-escaras




Almofadas anti-escaras


Calcanheiras



terça-feira, 28 de julho de 2009

Novo tratamento para a Paramiloidose

A ciência está em constante evolução. É com base nesta afirmação, que foi colocada como comentário de um artigo publicado em Dezembro do ano passado, que surge esta nova informação acerca da Polineuropatia Amiloidótica Familiar (Paramiloidose).

Novo medicamento trava progressão da paramiloidose

Há uma nova esperança para os doentes que sofrem de paramiloidose, também conhecida por "doença os pézinhos". Foi descoberto um medicamento - disponível dentro de um ano – que permite travar a progressão da doença.


No ensaio clínico do Hospital de Santo António participaram 74 doentes que sofrem paramiloidose e que se voluntariaram para testar a eficácia do medicamento.

Durante um ano e meio, fizeram parte de um grupo de 128 doentes de sete países que estiveram sob investigação. Os resultados foram positivos, já que o medicamento impediu a doença de progredir em 60% dos casos.

A paramiloidose, também conhecida por "doença dos pézinhos", é hereditária e degenerativa. A causa está numa proteína que tem um erro genético.

Este novo medicamento estabiliza essa proteína e impede o avanço da doença. Contudo, só dentro de um ano é que o medicamento vai estar à disposição dos doentes.

O estudo tem que ser reconhecido pelas entidades competentes e há algumas questões que ainda não estão esclarecidas, como a possibilidade deste tratamento substituir os transplantes.”
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Retirado do Site da SIC

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Prevenção de Quedas em Idosos

imagem:www.mondointerativo.files.wordpress.com


O risco de cair aumenta significativamente com o avançar da idade, o que coloca esta síndrome geriátrica como um dos grandes problemas de saúde pública devido ao aumento expressivo do número de idosos na população e à sua maior longevidade, competindo por recursos já escassos e aumentando a demanda por cuidados de longa duração.


Diversos factores de risco e múltiplas causas interagem como agentes determinantes e predisponentes, tanto para quedas acidentais quanto para quedas recorrentes, impondo aos profissionais de saúde, o grande desafio de identificar os possíveis factores de risco modificáveis e tratar os factores etiológicos presentes.

As quedas nos idosos podem provocar uma série de danos físicos, como traumatismos de tecidos moles e fracturas ósseas, declínio funcional e muitas vezes a morte.

Estes acidentes podem ainda afectar a qualidade de vida dos idosos através de consequências psicossociais, provocando sentimentos de medo, fragilidade, desesperança, perda de controlo e receio de passar a ser dependentes de terceiros. O sentimento de medo e falta de confiança constituem muitas vezes o ponto de partida para uma progressiva deterioração do estado global do idoso através da redução da mobilidade, função e diminuição das actividades sociais e recreativas.

Conhecendo estes aspectos, é fundamental ter pensamento preventivo! Não espere por uma queda para adoptar medidas, tenha cuidados antecipados, prevenindo hoje o que poderá não controlar amanhã!

São aqui referidos alguns factores de risco que poderão contribuir para as quedas nos idosos, bem como pequenas dicas que poderão ajudar a tomar algumas medidas de prevenção:

História de quedas anteriores: por vezes as quedas nos idosos são importantes indicadores de alterações na saúde e declínio funcional, pelo que deve ter em atenção em que contexto aconteceram as quedas.


Diminuição sensorial: com a idade é comum o défice visual, o que requer correcção médica. Certifique-se que a luz em casa é suficiente e adequada para o idoso. Tenha ainda atenção à capacidade auditiva, que deve igualmente ser corrigida.

Perda de capacidade mental: em situações de demência pode ser necessário limitar algumas actividades por motivo de segurança, remover objectos em casa que possam ser perigosos e avaliar a necessidade de apoio nas várias actividades de vida diárias.

Alterações de mobilidade: muitas vezes os idosos têm alterações nos movimentos, o que lhes dificulta a realização das actividades da vida diárias normais, podendo conduzir às quedas. Assim, deve ser avaliada a necessidade de auxiliares de marcha, como bengalas, andarilhos, canadianas, ou alterações em casa, como correcção de sanitários baixos, cama ou banheira, o uso de luzes nocturnas no quarto e casa de banho.

Medicação: é comum os idosos tomarem medicamentos de forma regular e permanente, pelo que se deve tomar especial atenção ao início de novos medicamentos. A poli medicação (4 ou mais medicamentos), ou medicamentos que causem sedação, alteração do equilíbrio, hipoglicémia ou hipotensão, poderão favorecer as quedas.

Alterações urinárias: o idoso poderá sentir necessidade de urinar várias vezes durante a noite e nestes casos, ter uma mesa-de-cabeceira com dispositivos urinários (urinol, arrastadeira), é uma estratégia que pode revelar-se útil, de forma a evitar as frequentes idas nocturnas à casa de banho. Se houver alterações do controlo urinário, pode planear-se um horário de micção frequente e considerar o usos de fraldas apenas quando estritamente necessário.

Hipotensão ortostática: muitos idosos têm hipotensão nas mudanças de posição, especialmente da posição de deitado para sentado, devendo por isso as mudanças de posição ser realizadas lentamente e iniciar a marcha apenas quando se sentir bem, sem tonturas, fraqueza, suores ou indisposição. Se este facto acontecer após iniciar uma nova medicação, poderá ser necessário ir ao médico, para avaliar a necessidade de ajustar a terapêutica.

Consumo de álcool: mesmo em pequenas quantidades pode provocar alterações que conduzem a quedas, já que influencia o equilíbrio e interfere com a acção de medicamentos. Desta forma, o seu consumo deve ser evitado ou, se não estiver clinicamente contra-indicado, consumido com moderação.

Restrição da actividade: o facto do idoso ter algumas limitações físicas e funcionais que aumentam o risco de quedas, não significa que deva permanecer o dia sentado e sem actividade! De facto, o ideal é maximizar as capacidades e potencialidades, pois a restrição da actividade pode relacionar-se com as quedas, uma vez que se favorece a perda de massa muscular, flexibilidade articular e a força. Os idosos devem ser encorajados a andar, realizar actividades diárias, podendo mesmo solicitar um programa de exercício adequado que melhore o equilíbrio e a flexibilidade, que aumente a força e a resistência, bem como a coordenação.

Falta de Aconselhamento a Familiares: Quem tem familiares acamados deve pedir apoio a profissionais de forma a aprender técnicas para a transferência dos idosos, por exemplo da cama para a cadeira e vice-versa, de forma a evitar quedas durante estas actividades. Os técnicos poderão também fornecer estratégias alternativas para realizar algumas actividades diárias em casa, quando se detecta alguma incapacidade funcional.

Viver sozinho: este facto pode aumentar não só o risco de quedas como também as suas consequências, uma vez que o idoso após a queda pode não ter possibilidade de providenciar ajuda.



Em que pode ajudar o Terapeuta Ocupacional?

A casa onde o idoso mora ou permanece frequentemente, pode ser um campo cheio de minas e armadilhas que devem ser identificadas e desactivadas. É desta forma que a intervenção do Terapeuta ocupacional se torna pertinente. São aqui descritas algumas pistas, que foram baseadas na lista para prevenir acidentes em casa do National Center for Injury Prevention and Control of the Centers for Disease Control and Prevention:

Chão:

  • Mude a mobília de forma a desimpedir o caminho.
  • Retire os tapetes do chão, assim como as carpetes, pois se estes não tiverem dupla face ou superfície anti-derrapante, de forma a não escorregar ou tropeçar neles.
  • Se tiver alcatifas certifique-se que não têm pontas soltas.
  • Retire papéis, revistas, livros, sapatos, caixas, cobertores, toalhas ou outros objectos do chão e mantenha-os, pois podem ser a causa de uma queda.
  • Deve fixar os fios na parede (extensões eléctricas, fios de telefone ou fios de candeeiros) de forma a não tropeçar sobre eles.
  • Tenha ainda em atenção se existem superfícies irregulares, como por exemplo tacos levantados.
  • Na necessidade de encerar a casa faço-o com cera não derrapante.


Escadas e degraus:

  • Retire os objectos que tenha nas escadas e mantenha-os longe delas.
  • É aconselhável colocar iluminação no topo e no fundo das escadas e que sejam colocados interruptores em ambos locais podendo ser os interruptores brilhantes para serem mais visíveis.
  • Coloque corrimões dos dois lados das escadas e assegure-se que estão bem fixos.


Cozinha:

  • Remova as coisas que habitualmente utiliza mais vezes, para as prateleiras mais baixas do seu armário.
  • Deve evitar subir aos bancos e escadotes, mas se for inevitável, não substitua o escadote por cadeiras ou bancos, e prefira os escadotes com barras laterais de apoio.


Quarto:

  • Tente colocar uma lâmpada perto da cama que seja fácil de alcançar.
  • Utilize uma luz de presença durante a noite. Existem luzes de presença no mercado que se ligam automaticamente após escurecer.
  • A cama deverá ser firme e de altura adequada que permita a entrada e saída sem grande dificuldade.


Casa de banho:

  • Deve tomar duche e não banho de imersão, de preferência no poliban.
  • Deve colocar um tapete ou outra superfície anti-derrapante dentro e fora do poliban.
  • Colocar barras de apoio na parede que ajudem a entrada e saída do banho, bem como dos lados da sanita.


Acuidade Pessoal:

  • Devem ter-se em atenção alterações ao nível dos pés, nomeadamente unhas demasiadamente longas, calos dolorosos, ou mesmo o uso de calçado inadequado.
  • Os sapatos não devem ter saltos para não prejudicar o equilíbrio, devem ter o tamanho correcto e sola anti-derrapante, devendo evitar os chinelos.
  • A roupa também deve ser confortável e permitir a execução dos movimentos, tendo cuidado com roupa muito comprida, pois o idoso pode tropeçar nela.



adaptado de:www.advita.pt